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O treinamento com pesos, forma mais comum de exercícios contra resistência ou resistidos, é considerado a atividade física mais eficiente para a modificação da composição corporal pelo aumento da massa muscular. Tais alterações na composição corpórea ocorrem após várias semanas de treinamento (Fleck & Kraemer, 1997).

Atletas de culturismo (musculação de competição) apresentam porcentagens de gordura bastante abaixo dos padrões populacionais, apesar de ocorrer o inverso com a massa magra e até no peso corpóreo. Desta forma, esses atletas podem ser enquadrados, pelos padrões antropométricos populacionais, como desnutridos ou sobrepeso (World…, 1995), uma vez que ainda inexistem padrões (faixa normal) apropriados para esse tipo de população. Pretende-se pois, neste trabalho, levantar dados antropométricos comuns no estabelecimento da adiposidade e massa magra, em atletas culturistas representativos da elite nacional, e compará-los com os padrões existentes para não atletas.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Casuística

Foram avaliados 36 indivíduos, 26 do sexo masculino (27,2 ± 7,2 anos) e 10 do sexo feminino (30 ± 6,1 anos), todos atletas de culturismo em fase de competição, procedentes de diferentes regiões do país: Sudeste, (37,2%), Nordeste (32,6%) ou Sul (18,6%).

Métodos

As medidas antropométricas, obtidas nas primeiras horas da manhã, foram compostas de peso e estatura, em balança antropométrica, da marca Filizola, para adultos, com precisão de 100 g, circunferência do braço, por meio de fita métrica inextensível com precisão de 0,1 cm e prega cutânea tricipital pela utilização de adipômetro (marca Cescorf), com pressão constante de 10 g/mm2 e precisão de 1 mm.

A partir desses dados foram calculados os valores de Índice de Massa Corpórea (IMC) (kg/m2) (Cronk & Roche, 1982) e Circunferência Muscular do Braço (CMB) [Circunferência do Braço (CB) – (Prega Cutânea Tricipital (PCT) x 0,314)] (Frisancho, 1981).

Para o cálculo da densidade corporal (D), foram utilizados dois métodos que se utilizam de Pregas Cutâneas: o de Petrosky (1995) para o sexo masculino, que leva em consideração as Pregas Subescapular (PCSE), Suprailíaca (PCSI), Tricipital (PCT) e Panturrilha (PCP), o de Pollock & Jackson (1980) para o sexo feminino, que consideram as Pregas Abdominal (PCAb), Suprailíaca (PCSI), Tricipital (PCT) e Coxa (PCCx). Mediante a equação de Siri (1961), obteve-se a porcentagem de gordura corpórea (%G), em ambos os sexos.

Os resultados foram utilizados para classificação do percentil (P) (Frisancho, 1981; Cronk & Roche, 1982) e cálculo do escore Z (Sawaya, 1997) tendo o levantamento local (Anselmo et al., 1992) como padrão populacional, sendo a faixa normal Z ± 2SD.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo foi realizado durante um campeonato nacional, prévia para o mundial, portanto, com atletas de elite nacional em sua plena forma física. Os dados de estatura mostraram déficit (pelo escore Z) em 3 atletas masculinos e um valor acima do normal (Z = 3,7) dentre as atletas femininas . Os valores do peso corpóreo também foram bem próximos à distribuição populacional com exceção de um excesso de peso, dentre os atletas masculinos, classificados como sobrepeso II (Z = 2,37). Além desse atleta, outros dois, também do sexo masculino, apresentaram IMC compatível com obesidade. No geral, a média de IMC dos grupos foi de 27 kg/m2 nos homens e 21 kg/m2 nas mulheres, classificando o grupo masculino como sobrepeso I (Anselmo et al., 1992) (Tabela 1 e 2). Comparativamente aos dados da Tabela 3, verifica-se a semelhança dos resultados deste trabalho com os da literatura.

Pela análise das Tabelas 1 e 4 fica evidente que o sobrepeso masculino foi decorrente do excesso muscular pelos valores dos seus indicadores CB e CMB em contraposição aos valores reduzidos da PCT, aqui utilizado como indicador lipídico (Frisancho, 1981).

Como era esperado, o excesso de massa muscular foi mais freqüente no sexo masculino (Anselmo et al., 1992). A presença desse excesso foi detectada por ambos os indicadores (CB e CMB) no sexo masculino e apenas pela CMB (80,0%) no sexo feminino (Tabelas 1 e 4 e Figura 1). A CB foi elevada (Z = 2,5) apenas em uma atleta feminina, exatamente a de maior valor de CMB (Z = 5,6) e menor valor de PCT (Z = -3,42) (Tabelas 2 e 5). Os maiores desvios observados contra o padrão populacional foram os de CMB, cujos valores de Z foram 3,5 ± 1,4 cm e 6,8 ± 1,8 cm respectivamente para os sexos feminino e masculino (Tabelas 1 e 2 e Figura 1).

Os padrões de referência para um homem de 70 kg (20-24 anos) com 170 cm de altura apresentam 15,0% de gordura total, 45,0% de músculo e 15,0% de osso. O mínimo de gordura para um homem é em torno de 3,0% (gordura constitucional essencial). O homem pesa mais que a mulher porque tem mais músculo, o esqueleto é mais pesado e ele é mais alto. Assim, a mulher se sobressai em relação ao homem quanto a quantidade de gordura corpórea, pois uma mulher de 163 cm de altura com 57 kg apresenta em torno de 27,0% de gordura total, 36,0% de músculo e 12,0% de osso, só as mamas contribuem com 4,4% de gordura total. Além disso, existem depósitos gordurosos específicos do sexo feminino nas regiões pélvicas, nádegas e coxas. O mínimo de adiposidade feminina é 12,0% (gordura constitucional essencial), 4 vezes o valor do homem (3%) (McArdle, 1991).

Atletas de culturismo são os que apresentam maior percentual de massa magra dentre todas as modalidades esportivas, atingindo cerca de 65,0% do corpo, valor 20,0% acima dos sedentários (Spenst et al., 1993). A adiposidade corpórea de atletas de força (culturistas, levantadores de peso) atinge em média 5,0 a 15,7% (Tabela 3). Dentre esses atletas o menor percentual lipídico (8,4%) é o apresentado pelos culturistas (Fahey et al., 1975). Os resultados de adiposidade referidos na Tabela 3 são comparáveis a este estudo, onde no sexo masculino esta foi 6,9 ± 1,5% e no feminino foi 8,1 ±, 0,98% (Tabelas 4 e 5), sendo que os valores de referência citados por Petrosky (1995) e Pollock & Jackson (1980), são de 4 a 9,0% e de 8 a 12,0%, para os sexos masculino e feminino, respectivamente.

O déficit de tecido adiposo observado atingiu 100,0% das atletas femininas e 15,0% dos atletas masculinos. Por esse indicador as mulheres seriam classificadas como desnutridas moderadas (60,0%) ou graves (40,0%) enquanto que apenas 11,5% dos atletas masculinos seriam considerados eutróficos, pois 73,0% eram desnutridos leves ou 15,5% desnutridos moderados (Tabelas 2 e 5).

Deixando de usar o padrão local (Anselmo et al., 1992) como referência e empregando-se a distribuição percentual de autores de outros países (Frisancho, 1981; Cronk & Roche, 1982), verifica-se situação semelhante ou seja 100,0% dos homens estão com IMC acima da mediana (P50), 25,0% dos quais acima do P90. Dentre as mulheres verificou-se 56,0% entre P50-P75 com as demais abaixo do P25. A circunferência do braço e a cincunferência muscular do braço de todos os atletas situaram-se acima do P95 ao mesmo tempo que 92,3% deles apresentam PCT menor que o P5. Os extremos mais representativos das mulheres foram 70,0% com CMB acima do P95 e 90,0% com PCT abaixo do P5 (Tabelas 124 e 5). Desta forma, torna-se evidente a concordância entre os padrões de referência utilizados na discriminação dos atletas quanto aos desvios de adiposidade e massa muscular.

CONCLUSÃO

Estes resultados reiteram a inadequação do padrão antropométrico populacional para avaliação de atletas culturistas, sendo assim necessário o estabelecimento de padrões próprios ou ajustes (vias/fatores) aplicados aos padrões atualmente existentes.

A implicação prática desses contrastes vai desde a classificação equivocada desses atletas como desnutridos (pelo critério adiposidade) ou sobrepeso ou ainda obesos (pelo critério massa magra) até erros no cálculo da adequação alimentar por unidade de peso ou, mais apropriadamente, por peso de massa magra.

AUTORES

Naílza MAESTÁ1
Edilson Serpeloni CYRINO2
Nelson Nardo JÚNIOR2
Mônica Yara Gabriel MORELLI1
José Maria Santarém SOBRINHO3
Roberto Carlos BURINI4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Rodrigo Ramos
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