“Pré-treino, o que comer antes do seu treino professor? Essa é uma pergunta recorrente na personal trainer online. Nesse artigo vamos falar sobre alguns suplementos e sua real efetividade na melhora da performance.
Se você já teve a famosa “preguiça” para ir treinar por dias ou até mesmo semanas, fique tranquilo e ao mesmo tempo, parabéns, você é um ser humano normal. Digo isso porque não é só você quem passa por isso. Atletas de alto nível também têm a fase em que não querem treinar nada.
Aproveitando essa brecha, as empresas então criaram suplementos que prometem “espantar a preguiça” com:
- Aumento a produção de força
- Retardando a fadiga
- Dando o famoso “pump” na musculatura, entre outras promessas.
Claro, a proposta é muito atrativa, afinal tirar toda a responsabilidade da pessoa e transfere para um pote. As composições destes suplementos variam de acordo com seus fabricantes, porém, alguns componentes são encontrados em, praticamente, todos eles como;
- Creatina
- Cafeína
- Arginina
- Beta-alanina.
Com relação a arginina, a proposta é atuar no ciclo do óxido nítrico, algo totalmente infundado e já comprovado em uma revisão literária recente (Bescos, 2012).
Cafeína
É possível encontrar estudos em que houve melhora e estudos em que houve piora de performance , tornando difícil estabelecer uma posição clara.
O que se sabe é que há uma grande variedade nas respostas individuais à ingestão de cafeína e alguns fatores que parecem influenciar sua eficiência são:
- 1: duração da atividade (benefícios em atividades superiores a 60 segundos);
- 2: ingestão habitual (melhores resultados em pessoas que não ingerem cafeína habitualmente);
- 3: nível de treinamento (melhor em pessoas treinadas)
- 4: dosagem (efeitos a partir de 3mg/kg).
Vale destacar que:
- 1: a duração da atividade não é comumente encontrada na musculação, pois cada série não dura mais que um minuto;
- 2: o brasileiro, em geral, ingere muitas substâncias que contém cafeína, como o próprio café, refrigerantes, energéticos, entre outros;
- 3: a maioria das pessoas que ingerem estes suplementos não estão no nível das que foram convocadas para os estudos;
- 4: a dosagem de cafeína encontrada nos suplementos gira em torno de 35 a 140 mg, o que não é suficiente para trazer os efeitos prometidos.
Além disso, a cafeína, assim como todo estimulante, tem o efeito potencial de gerar uma acomodação. Desse modo, a ingestão habitual dos suplementos levaria o organismo a se acostumar, gerando a necessidade de doses cada vez maiores e a dependência.
Essa dependência vem associada a diversos problemas cientificamente comprovados como problemas do sono, depressão, alterações no humor.
Beta-alanina
De fato, há estudos com atividades contínuas e intervaladas que verificaram aumento do tempo até a exaustão e redução na concentração de lactato com a suplementação de beta-alanina. No entanto, tais resultados são contrapostos por estudos que não encontraram efeitos benéficos, especialmente quando a amostra foi composta por pessoas treinadas.
O que se tem sobre a beta-alanina e musculação é um estudo feito no Reino Unido, no qual se suplementou 6,4g diariamente deste suplemento em estudantes de educação física que são praticantes de musculação. Nas 10 semanas de análise, não houve efeitos positivos nos ganhos de força e/ou alterações na composição corporal (Kendrick et al., 2008).
Conclusão
É nítido que a maioria dos praticantes de musculação realiza um volume altíssimo de treinamento. Desta forma, a falta de energia e motivação reportada por muitos, é resultado de overtraining.
Quando lidamos com interesses financeiros, devem-se ter cuidados com as propagandas e suas promessas, mesmo que elas citem estudos, e estes são normalmente manipulados pelos fabricantes e seus resultados divergem muito das evidências científicas disponíveis na literatura.
O que pode-se concluir com base na literatura e nas bases teóricas disponíveis é que estes suplementos dificilmente trariam os resultados prometidos por seus fabricantes, além de terem efeitos nocivos a saúde física e psíquica do usuário.
Leia mais
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