O índice de atividade eletromiográfica %IEMG é a forma mais usada para avaliar a eficiência de um exercício de musculação. Com o %IEMG podemos saber qual a porcentagem das fibras musculares que um determinado exercício estimula.
O treino de musculação é atualmente praticado por crianças, jovens, adultos e idosos, de ambos os sexos, estão engajados em programas de treinamento de força com fins:
- Estéticos
- Reabilitação
- Melhorar o desempenho esportivo.
Como escolher os exercícios
A manipulação das variáveis agudas relacionadas ao treinamento de força, entre as quais a seleção e a ordem dos exercícios, a intensidade e-o volume da carga, a freqüência de treino e o intervalo entre os exercícios e as séries, constitui um dos principais aspectos a ser controlado para o êxito do programa.
A seleção dos exercícios executados em equipamentos ou com pesos livres é, em princípio, baseada na análise detalhada do(s) movimento(s) articular(es) e da musculatura envolvida. No entanto, a parcela de contribuição de cada músculo para a realização dos diferentes exercícios não é clara e objetivamente conhecida, o que torna a análise de movimentos globais ainda mais subjetiva e capaz de comprometer a elaboração adequada de um programa de treino.
Portanto, a identificação da cadeia cinética nos diferentes exercícios é essencial para a organização e prescrição adequada do processo de treino. Uma vez controlado esse aspecto, o equilíbrio articular, a postura corporal, o desempenho motor específico e até mesmo objetivos estéticos, entre outros, ficam mais resguardados.
Em relação à análise qualitativa da participação muscular em movimentos específicos, há pelo menos seis métodos utilizados:
- A partir da análise dos pontos de inserção do músculo e da direção das suas fibras, determinar a relação mecânica exercida sobre o esqueleto e o conseqüente movimento articular. Esse sistema constitui-se em uma análise teórica.
- A partir da dissecação do cadáver, tracionar o músculo e observar os movimentos executados. Estimular eletricamente um músculo e observar os movimentos realizados.
- Em indivíduos que perderam a função de determinados músculos, estudar a influência na força, na postura e nos movimentos resultantes.
Técnicas in vivo
Essas técnicas são de aplicação limitada in vivo e, principalmente, as três primeiras não possibilitam determinar as ações musculares sinérgicas. Além das técnicas mencionadas, há duas técnicas de análise das ações musculares aplicadas in vivo:
- Determinar a função muscular por meio da palpação dos músculos durante a execução do movimento, procurando identificar quais são os músculos envolvidos.
- Analisar a ativação muscular mediante a captação do estímulo elétrico enviado pelo sistema nervoso, o qual gera a contração do músculo. Essa técnica é denominada eletromiografia (EMG).
Entre as técnicas citadas, a EMG é a mais aceita na comunidade científica para a análise da função muscular. É importante o entendimento técnico do sinal eletromiográfico. a músculo esquelético é formado por fibras musculares agrupadas em unidades motoras (UM), compostas por fibras com características semelhantes e inervadas pelo mesmo neurônio motor.
A contração muscular é proveniente da ativação de várias UM, e a intensidade dessa contração depende do número de UM acionadas e da freqüência dos impulsos elétricos enviados para cada uma delas. a sinal elétrico que se propaga pelas unidades motoras diante de uma contração muscular é captado e representado graficamente pela EMG, permitindo, dessa forma, identificar os músculos ativados durante um determinado exercício e representando, ainda que de forma indireta, a intensidade da contração muscular.
Sobre esse aspecto, cabe salientar que, apesar da existência de vários estudos que correlacionam o trabalho mecânico muscular e a EMG, não é consenso na literatura a relação linear entre EMG e força muscular.
Limitações do exame
Alguns estudos apontam para o fato de a linearidade ocorrer com maior intensidade em contrações isométricas, o que não acontece sob contrações dinâmicas. Entre as variáveis que podem afetar a linearidade estão incluídas:
- A morfologia do músculo avaliado
- Composição de fibras lentas e rápidas
- Angulo de penação dessas fibras
- A preparação e a colocação dos eletrodos na pele; o comprimento muscular; a velocidade e o tempo de execução do movimento
- A fadiga muscular
- As condições de treinamento dos sujeitos submetidos à técnica, bem como as características mecânicas da carga externa.
A captação do sinal EMG pode ser realizada de duas formas: através de eletrodos de superfície ou de eletrodos de profundidade (agulha ou fio). Limitação importante dos eletrodos de profundidade é o fato de a técnica ser invasiva, restringindo-se mais a estudos de natureza clínica. A maioria das pesquisas envolvendo EMG é realizada com eletrodos de superfície. Apenas os músculos superficiais são monitorados.
Com isso, a análise da participação muscular nos diferentes exercícios, utilizando essa técnica, é apenas parcial. Isso porque os músculos profundos envolvidos no movimento não podem ser monitorados. Entre os fatores que interferem no sinal EMG já citados anteriormente, a carga externa e o comprimento muscular exercem um papel importante.
Este último afeta o sinal em função da participação dos componentes elásticos do músculo na contração muscular e da possibilidade de menor ou maior ligação entre as proteínas contráteis.
Quanto maior o alongamento muscular, maior a contribuição do componente elástico e menor a contribuição das pontes cruzadas protéicas. A EMG não capta o trabalho mecânico produzido pelo componente elástico.
A relação que se estabelece é outra: à medida que aumenta a participação desse componente e diminui a participação das pontes cruzadas, o sinal EMG diminui. Por outro lado, quanto maior o encurtamento muscular, maior é a sobreposição de pontes cruzadas e, portanto, maior é a dificuldade de produção de trabalho mecânico.
Torna-se necessário o recrutamento de maior número de UM. Conseqüentemente, observa-se maior magnitude do sinal EMG.
No que se refere à carga externa dos equipamentos, a sobrecarga imposta aos músculos provoca a ativação de maior número de UM e também aumenta a freqüência de disparo dos estímulos elétricos, elevando a amplitude do sinal EMG.
Da mesma forma, a sobrecarga estimula a ativação não só de músculos considerados motores primários em certos movimentos, mas também a ativação dos músculos de ação secundária para os mesmos movimentos. Portanto, a sobrecarga modifica a sinergia muscular na maioria dos movimentos.
Outro aspecto importante a ser ressaltado em relação à EMG é a impossibilidade de comparação de sinais EMGs de músculos diferentes, observada pela diferença na área de secção transversa muscular, na composição e no ângulo de penação das fibras desses músculos.
A única possibilidade aceita para essa comparação é pela normalização do sinal EMG, ou seja, a partir da mensuração de seu sinal máximo em cada músculo e posterior relativização do sinal avaliado em determinado movimento.
Após esse breve esclarecimento sobre a EMG, passamos a descrever a forma como a EMG foi utilizada com fins ilustrativos no decorrer dos próximos capítulos. A captação do sinal EMG foi realizada com um mesmo sujeito nos diferentes exercícios ou nas diferentes variações do mesmo exercício.
Os eletrodos de superfície foram posicionados sobre o ventre muscular e não foram retirados do local até que as coletas necessárias para comparação desse músculo nos diferentes exercícios fossem concluídas.
A relação entre a representação gráfica da EMG e a carga externa foi observada para efeito de algumas considerações apresentadas, tendo sido, para tanto, controlados a padronização na preparação e na colocação dos eletrodos, o tempo de realização dos movimentos, o comprimento muscular inicial, bem como a carga externa.
Esta última foi estabelecida através do teste de uma repetição máxima (1 RM), que, segundo Knutgen e Kraemer (1987), é a máxima carga movimentada com técnica adequada e em toda a amplitude do movimento específico.
Nas situações em que se procurou comparar a ativação muscular entre as variações do mesmo exercício, a aquisição dos sinais foi realizada com a carga máxima (1 RM) desses exercícios e com o mesmo tempo de execução padronizado em seis segundos (divididos igualmente entre as fases concêntrica e excêntrica).
A quantificação do sinal EMG foi realizada por meio do procedimento rool mean square (RMS), que mede o comportamento do sinal elétrico registrado em um tempo específico, que, nesse caso, foi de seis segundos. Serão mencionadas no texto as situações em que a aquisição do sinal não seguiu esse padrão.
Conclusão
A %IEMG não é a única forma de avaliar um exercício na musculação, mas até o presente momento é a que tem melhor correlação com o eficiência do mesmo e todos os professores devem consultar as tabelas para usar sempre os exercícios com maior atividade eletromiográfica.