Todo aluno iniciante quer ganhar massa muscular rápido, ele já chega cheio de vontade de treinar e arrebentar, mas infelizmente não é assim que a banda toca, e os ganhos iniciais perceptíveis só acontecem depois de 12 semanas.
O aluno iniciante quer focalizar diretamente o ponto crucial do objetivo que desejam alcançar sem se preocupar com as variáveis que fundamentam os seus objetivos. Estas pessoas, cheias de energia, sempre desejam ir direto ao âmago da questão; porém, a compreensão mais global das ciências e demais coisas da vida auxiliam na conquista dos objetivos e das tomadas de decisão com mais clareza. Assim, comecemos com alguns fundamentos fisiológicos do culturismo.
1º passo – a carga de treino
A relação entre o treinamento com sobrecargas e o crescimento muscular (hipertrofia), apesar de não ser fisiologicamente precisa até os dias de hoje, já se conhece há alguns mil anos. O conto legendário de Milo de Crotona da Grécia antiga ilustra bem este ponto.
Milo, atleta de luta livre, para aprimorar a sua força, levantava um bezerro como exercício diariamente. À medida que o bezerro crescia obviamente crescia a sobrecarga com que Milo realizava o seu treinamento. A reação natural a este processo eram músculos maiores e mais fortes para que Milo pudesse fazer frente à sobrecarga.
Hoje, isto é conhecido como princípio de sobrecarga, sendo que nas academias, ao invés de bezerros, para os principiantes e touros, para os atletas avançados, encontram-se barras, anilhas e demais equipamentos específicos para cada parte do corpo. Então aumente suas cargas se quiser ficar forte, não adianta usar métodos avançados com halteres de 2kg
2º passo – aumento da massa muscular.
É importante salientar que, normalmente no início de um programa de treinamento com pesos, é comum observar grande aumento de força sem que ocorra aumento da massa muscular visível. Existem várias evidências que indicam que este aumento inicial de força deve-se a um maior recrutamento de unidades motoras.
Estas unidades motoras, que são neurônios conectados às fibras musculares, praticamente permaneciam “adormecidas” e com a aplicação da sobrecarga passam a ser ativadas. A hipertrofia do músculo (aumento em volume) ocorre em um estágio posterior desde que o treinamento continue de forma regular e com a aplicação de mais sobrecarga.
A Hipertrofia
Antes de irmos ao âmago da questão gostaríamos de esclarecer primeiro um ponto que, às vezes, dá margens à confusão. Em nosso organismo existem cerca de 656 músculos considerando-se que muitos deles vêm em pares.
Temos dois bíceps, um em cada braço, por exemplo. Quando treinamos, a nossa massa muscular aumenta e não o número de músculos. Já o músculo é composto por fibras musculares, sendo que cada músculo contém milhares de fibras. Ganhos em força e resistência muscular são geralmente acompanhados do aumento em tamanho de cada fibra muscular. A isto se denomina hipertrofia.
Hiperplasia, por sua vez, refere-se ao aumento em número de fibras musculares por cisão longitudinal de uma fibra em duas. Ocorre que existem, ainda, algumas divergências científicas quanto às duas teorias.
Apesar de a hipertrofia ocorrer com certeza, alguns cientistas são céticos quanto à hiperplasia. Existem diversas evidências científicas da ocorrência de hiperplasia em animais submetidos a esforços específicos; porém, estudos similares em seres humanos não são considerados conclusivos para alguns.
Verifique que é muito mais fácil submeter uma galinha a um esforço sistêmico depois matá-la e contar as fibras musculares à luz do microscópio do que convencer um atleta a realizar um treinamento similar e depois se submeter a uma biópsia localizada. A ciência, ainda, encontra algumas barreiras.
Conclusão
De qualquer forma, será que o físico superdesenvolvido de um culturista profissional é puramente o resultado de hipertrofia ou será também devido à cisão de fibras? Creio não haver nada místico quanto à ocorrência de hiperplasia, bem como de hipertrofia, de forma que nós, menos céticos, prefirimos apoiar as duas teorias, apesar de suportar também a idéia de que os indivíduos mais propícios a hiperplasia são aqueles submetidos a treinamento mais árduo.
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