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5 de janeiro de 2018Não se cansam de tentar derrubar paradigmas nas áreas da nutrição e educação física. Acredite se quiser, mas existem muitos colegas de profissão que chegam a descartar o treino de musculação como uma ferramenta para controlar o peso corporal. Ainda mais, alguns chamam de “enganosos” àqueles que se atrevem a recomendá-la.
É importante lembrar que só existe controvérsia na ciência quando resultados apontam para direções totalmente opostas. Mas existe alguma dúvida em relação a este tema? Hoje iremos discutir se há ou não imprecisões nas análises.
Conceitualmente, é considerada atividade física qualquer tipo de movimento corporal que resulta em gasto energético. Se tivermos em vista que o balanço energético é determinante para o controle do peso corporal, podemos concluir que o que gastamos na musculação contribui para um balanço negativo. Podemos dizer o mesmo também sobre a redução na ingestão energética; consumir menos calorias contribui para um déficit energético.
O fato é que estes déficitis (tanto através do exercício, como pela não ingestão de calorias) geram perdas semelhantes de peso corporal. Um grupo chamado CALERIE fez um estudo sobre o tema. Os participantes que foram submetidos a uma dieta restritiva ou a um programa de musculação, ambos planejados cuidadosamente para induzir déficits energéticos iguais (até 20%) ao longo de um ano, apresentaram, como esperado, perdas de peso similares (cerca de 10%). Então, não há paradigma quebrado aqui; a máxima de que exercícios queimam calorias continua muito vigente e sem nenhuma controvérsia.
Treino de musculação emagrece mesmo?
Dificuldades a mudanças de comportamento, talvez, seja a melhor resposta. Afinal, é bem cômodo desqualificar a importância do exercício e da alimentação para controle do peso corporal. Por outro lado, é extremamente difícil abandonar estas intervenções, pois além de bem elaboradas são consistentes e geram benefícios duradouros.
Dizer que a musculação não é capaz de balancear nosso estoque energético, ou negar a importância dela para o controle de peso corporal – ainda mais quando vem de profissionais do meio – é rasgar todos os princípios básicos e sólidos da fisiologia. Se muitos entendem que a capacidade de elaborar programas de exercício está muito limitada é porque falta propor intervenções mais atrativas às pessoas, certamente este é um dos grandes desafios da ciência.
Em uma disputa nutrição x exercício ninguém é vencedor; eles se complementam e sinergem entre si em busca do manejo da obesidade. Por falar nisso, relembro que o peso corporal é um alvo clinicamente pobre, que em nada reflete a pluralidade de ações do exercício, razão pela qual afirmar que a atividade física é uma prática ineficaz revela um olhar errôneo sobre o tema, o que acaba incentivando a busca por soluções mágicas, como dietas e treinos mirabolantes.
Referências
- Improvements in glucose tolerance and insulin action induced by increasing energy expenditure or decreasing energy intake: a randomized controlled trial. Weiss EP, Racette SB, Villareal DT, Fontana L, Steger-May K, Schechtman KB, Klein S, Holloszy JO; Washington University School of Medicine CALERIE Group. Am J Clin Nutr. 2006 Nov;84(5):1033-4
- Calorie restriction or exercise: effects on coronary heart disease risk factors. A randomized, controlled trial. Fontana L, Villareal DT, Weiss EP, Racette SB, Steger-May K, Klein S, Holloszy JO; Washington University School of Medicine CALERIE Group. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2007 Jul;293(1):E197-20
- Physical Activity and Dietary Determinants of Weight Loss Success in the US General Population. Wilson P. Am J Public Health. 2016 Feb;106(2):321-6.